sábado, 4 de abril de 2009

Casei um afilhado...

Salvo seja, não casei, mas fui padrinho e testemunha da união pela Igreja, do afilhado e sua namorada (agora esposa, claro). Nunca tinha tido este tipo de sensação formal: apresentar-me como padrinho de casamento, diante dos pais, parentes e amigos (ai que fazer boa figura). É realmente o nosso papel de padrinho, estar presente como alguém que apoiou, e que é testemunha perante todos, deste acto solene....
O proforma elaborado, desde o convite, o jantar dos padrinhos e finalmente o casamento; todo este tempo de trabalho, sensivelmente um ano, resumido a um dia, que se desvanece...
Dia de levantar cedo: preparar míudos com banho e cheira bem; equipá-los (e que lindos estavam); engraxar sapato e acomodar saltos altos (acho que estavam chatos); raspar a cara; passar uma água pelo corpo; esticar cabelo e maquilhar; conferagem do cabelo com gel; perfumar de cima abaixo; nó da gravata á moda; preparar mala dos filhotes (fraldas, sopa, roupa sobresselente, e tralha); ..., ufa, e ala que se faz tarde, temos o dejuar á espera, nos pais do noivo, para não desfalecer na cerimónia; e a chegada... e eu que aguardava por uma entrada triunfante com o acompanhamento do Trio Odemira, com o seu belo tema " A Igreja estava toda iluminada, ....", mas o coro também esteve bem, e serviu. Celebração, e leitura de uma carta de S.Paulo no ambão; troca de promessas e alianças; e seguiu-se as assinaturas normais das testemunhas (os padrinhos é claro), com foto e pose (para mais tarde recordar); saída da igreja, com chuva de arroz; e rápida entrada na Limousine, que o tempo é curto duma ponta.
Boda, na quinta (ainda sou do tempo dos casamentos serem nos barracões, onde se guardava as pastagens do gado por um ano). Croquetes, pistácios, hors-d´oeuvre, lentrisca, amendoim, canapés, pastel bacalhau, melão e presunto, crepe camarão, morcela, mini-pizza, tâmaras e bacon, ... (talvez seja melhor parar), para entrada de repasto; a regar, caipirinha, vinho tinto branco e verde, Martini bianco e tinto, imperial, Ricard, beirão, sumo de laranja, água, granizado de banana, ... e chega para uma calamidade alcoólica. O culminar desta recepção gastronómica, ou a cereja no topo da nata do bolo, um pastel de nata (quentinho), que quase só vai empurrado. Pronto! Satisfeito!... vamos cumprir o horário da sesta, e voltamos á noite... ainda não? Agora almoço? E isto, foi o quê? Meu Deus! É melhor alargar um pouco o cinto. Talvez o almoço seja um pouco light, tipo uma canjinha , uma folhita de alface e um gomo de maçã.
Reserva na mesa presidencial, ou melhor dos nubentes. Ora, aí vem a canja, para lavar o estômago: "Sopa de peixe ou sopa de legumes", diz-me o garçon educadamente; onde estão as câmaras! é para os apanhados, certo? pensei eu olhando desenfreadamente para os lados... Não estou propriamente com o espírito da gula (ainda por cima na Quaresma), mas ok!, " Sopa de peixe!" Não é canja, mas é sopa de peixe, levezinha... e perdoem-me, mas saborosa. "Pai! O que é buffet´e?" questiona-me a filhota, empolgando uma pequena lista. Bufete! Meu Deus! Ainda temos que comer isto tudo... uiiii! Deixa-me espreitar o que aí vem: ora sopa de peixe ou de legumes (já ultrapassada); Bacalhau á casa, com recheio de camarão; sorbet de limão; lombo de Vitela estufado com molho de amêndoas; fruta laminada; profiteroles (o meu calcanhar de Aquiles) com molho de chocolate quente; café e digestivo; ai que prova de fogo para superar. Depois como ainda há um espacito, o tão afamado bufete, ou tradicionalmente conhecido por simples copo-de-água (que não tem nada a ver).
Após este mega repasto, do qual dei preferência ao prato de Bacalhau (opinião unânime com a esposa), e aos profiteroles (em consonância com a filhota), fomos digerindo até a casa, para retirar o aspecto formal, e enveredar por um aspecto mais desportivo tipo jeans, ténis e sweat, que o serão predispunha-se a longo e dançarino.
A noite chegou, e com ela a hora do copo-de-água. Umas mesas abastadas de frutos do mar (que de frutos nem parecença sequer); fromage de regiões nacionais demarcadas (para empolgar); variados pratos tradicionais, saladas frias, pratos quentes e leitão assado; agora sim, mesa de frutos variados; e já que os olhos comem e bem, a mesa dos doces, desde conventual, até aos instantâneos, internacionais e caseiros.
Ainda deu para um pézinho de dança, com a famosa banda Thema1, regado com digestivo e café, e a praxe das filhoses (o ultimo filho a casar rende esta goluseima).
Cansados e a horas tantas, e com a desculpa dos filhos estarem cheios de sono (ou não), recolhemos a família para casa, para uma noite dos justos.
Crónica de um fim de semana, capitalizado para mais uns quilitos no orçamento.


P.S. (post scriptum) - Parabéns e felicidades aos noivos.

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