quinta-feira, 31 de março de 2011

O homem do bigode ...

A imagem está criada ... o grandão não suporta, ... e respeita.
Contudo, a personagem, ajuda na persuasão e no talhar da moldagem da personalidade do grandão, ... onde á uns escassos anos surgia o monstro das bolachas, hoje surge um homem do bigode.
Casualmente criado no imaginário dos avós, cria o respeito e a atenção, afasta o mau comportamento, e obriga a comer a sopa toda.
A descrição pormenorizada, ainda não tem consenso, ... "o homem do bigode".
Mas o grandão, já passou por dezenas de homens com bigode, e nenhum sequer aparentava atemoriza-lo, ou aterroriza-lo.
A aparência sugere-me, que seja um homem de bigode fartudo branco, não farfalhudo, de pele de tez queimada do tempo ténue, olhar claro limpo, de dar confiança numa conversa fácil de tom calmo e seguro, cabelo branco de uma vida, arrepanhado a brilhantina, ...
Para ele simplesmente "o homem do bigode"!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Simplesmente parabéns, ...

A princesa faz anos! Poucos, mas bons...
Apesar do ano que passou ter sido um verdadeiro teste da sua adaptação, á vida, ás prioridades, ás separações, ás novas amizades, ás novas etapas, aos novos obstáculos ... cresceu!
Uma pequena mulher, que chora, que grita, que não entende, que brinca, que agradece, que pede, que pergunta, que cede contra vontade, que sorri, que ouve, que responde, que ajuda, que percebe, ... que sabe ser uma menina de seus pais. Temos orgulho nela, ... também o grandão, a abraça de meiguice e a adora, apesar dos despiques territoriais...
Gosto dela, ...
À noite, ao deitar, depois das mantas entaladas, dois dedos de conversa cochichados, ... um sorriso, um contar duma tristeza, uma risada, uma preocupação, ... mão pelo cabelo, e uma música de embalar ...
tudo se desvanece num sono, ... o sorriso!

terça-feira, 15 de março de 2011

Aplicar Violência ...

"Mas que merda é esta?" bolçando o chão de carvalho ressequido, com uma enorme golfada de sangue...
“O que querias? O hábito empurra-nos para o desleixo!” calcando uma testa húmida e suada frieza … “Gertrudes! Gertrudes! Ajuda-me aqui! A força não chega para abater este intolerante!” clamando para um corredor vazio e ornamentado de papel parede descolado e esverdeado de flor lis …
O chão cedia ao bater temerário dos saltos, de uma dominadora impaciente …
“Força-o a estabilizar, enquanto acabo!” olhando para a assistente que se encaminhava para mim, arregaçando a sua meia manga, de braços do diâmetro de uma coxa … os meus olhos reviraram, ao infligir tamanha força, sobre os meus braços e peito … “ Aguenta-o firme!” As mãos enluvadas, forçaram  para separar os queixos ...
O candeeiro cambaleava, numa dançante pálida luz que ia e vinha … 
…”AAAAAAAArrrggggghhhh!” numa convulsão de dor, que me arrebatava os dedos dos pés, contorcendo as ponta das orelhas, e estirando cada naco de musculo … "Segura-o! É só pôr a alavanca, e ..." á medida que o frio inox, penetrava na carne, contrabalançava a angústia, a raiva, a dor ...  
“Finalmente! Um queixal, … tiveste juízo rapaz! Larga-o Gertrudes! Já temos o que querias!” ostentando em contra luz, para um pedaço de marfim esmaltado, entre dedos … “este ainda é dos puros!”
Atirou-o para uma cuba de inox, enxaguou-o, e delicadamente seco, enfiou-o na sua bolsa escarlate. Beliscou-me as maçãs do rosto, cochichando ao ouvido … “finalmente! Uma espera longa, mas merecida!” sorrindo em tom de sarcasmo.
Ergui-me na maca … pus a mão aos queixos. “Quem é?”
“Não a reconheceste?” … cocei o cabelo, e o queixo novamente “Não!” ...  aceito um copo de vinho … “Bochecha e engole! Purifica!”
“Não a reconheço!” bochecho engolindo o último trago do copo …
“Uma das … Fada dos Dentes!” tirando a bata … “Quando não caem a bem, saem a mal!”

Por ditonysius


quinta-feira, 10 de março de 2011

XiX

"Senhor! Julgo não conseguir, executar a minha missão!" disse pelo auscultador, ... do outro lado, a serenidade deu lugar ao acentuar do tom de voz ... "E porquê?" respondeu...
A linha mantinha algumas interferências estáticas, e o pulsar rápido, duma chamada de longa distância ... "Este temporal rotineiro, ... não deixa prosseguir! A adversidade é enorme!" lamentei ...
"E acha que a sua missão, é adversa?" ... indagou ... "O que me prometeu, ao tomar esta missão, como sendo exclusivamente sua?" ... silenciou-me. Passei a mão pelo rosto, que retinha algumas gotas de chuva que resistiam ... olhei para a mão esquerda ... uma aliança, de ouro solitário, ornamentava o dedo anelar ... brilhava entre lama, óleo, tez da pele, ... "Consegue, ou não? Responda!" interrompeu a minha fixação ... "Já atravessou calamidades bem piores, ... já sacrificou o seu orgulho, ... já atravessou vales de combate e deixou os seus despojos, ... já está nesta luta há 19 anos! Nesta missão, lucrou com os seus dois maiores tesouros!" caí em mim ... "Limpe as suas asas soldado. Isto não passa duma chuva "molha-tolos", um cacimbar suave, ... a sua missão continua! Ela espera por si!"
O telefone recolheu ao descanso, com um sonoro "tu-tu-tu-tu-tu" ... consertei o boné. Olhei para o relampadejar  que iluminava o céu rasgado de nuvens cinza pesadas. Pus a mão na sacola de cabedal , que sustentava a tiracolo... o coração batia fervorosamente ... acomodei-o junto á paixão, e enrolei-o no desejo.
As saudades do olhar amêndoa sol, apelavam ...
Atirei-me ao temporal...
...
"O que acha milorde?" ...
Serenou o telefone, no descanso, ...
Coçou o queixo, e a sua longa barba branca, ..." Acho que me podes trazer o cachimbo, o tabaco de aroma a canela, ..." acomodando-se na sua poltrona de pele Victoriana marron, junto ao crepitar da lareira, que o iluminava ..." acompanha-me um copo de vinho tinto do Alentejo; ... traz-me uma torrada de pão grosso, barrada com alho e tomate, pincelada com azeite da Serra, salpicado com orégaõs; o amor desperta-me o ócio ..."

sexta-feira, 4 de março de 2011

Super Hero ...

Não sei o que se passou, ... e se passou, foi totalmente ao lado. O choro, o ensufrinhado, o colo, ... sei lá! Uma reacção nunca esperada.
Este ano, no jardim de infância,  o desfile carnavalesco, era de tema livre; cada um escolhe a sua fantasia, a seu belo prazer, digamos.
O grandão escolheu a sua, ... um imponente herói, na sua fatiota de licra azul, com o "six pack" todo evidenciado, peitorais sobressaídos, braços de Atlas, e capa que esvoaça de vermelho!
Empolgado, para se apresentar aos amigos, como o salvador, contra padeiros, sardinheiras, spider-men, batmen, cowboys, palhaços, ... e limpar o ... jardim de infância, de todos os malfeitores.
Não correu bem; as nossas expectativas, de ver o grandão, extravasar alegria, gritos, sorrisos, saltos, ... ficaram por terra. Nada feito! Choro, mimo, ranhoca ... enfim, nada que estivéssemos á espera.
Penso eu, que estava por lá escondido o vilão com a sua super arma da tristeza, e apanhou desprevenido o nosso super-herói, com um golpe fortuito, e baixo! 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ser do tempo

Poderia começar pelo típico “ainda sou do tempo” (eu e muita gente, certamente), … mas não era a mesma coisa, … em que passava e respeitava os mais velhos da terra, nas ruas fartas e cheias de pessoas, lá do lugarejo. Ao Domingo, onde a capela, se dividia em cores caiadas de branco e cantos azulados, rompendo ao centro, entre a população conversadora nos seus fatos domingueiros de flanela, linho e algodão, que vociferavam aqui e ali, do amanho, do gado, do cultivo, dos alqueires, da cidade, das maleitas, das curas e da aldeia; de crianças que corriam á apanhada, entre gente e claustros, animando o tempo e o início de um dia do Senhor … dos campos cheios de cores hortícolas, e ranchos de povo, que ritmavam a terra com seu sacho, o seu saber, o seu poema, … de bravos homens tisnados que conduziam, de braços arregaçados, a sua parelha de gado bruta, pelos carreiros de terra, já traçada, para recolher o sustento do dia-a-dia …
Os tempos mudaram, para todos como é óbvio, e hoje vejo a rua, o campo, a eira, … que aguardam pela passagem do testemunho, dos mais sábios, aos “atletas” sem tempo, futuro do amanhã …
A aproximação é parca e vã, … mas aqui e ali fomento-a ao grandão (filhote), que também tenha amigos “mais grandes”, e com uma dedilhada de experiência superior … o cumprimentar, não com o saudoso “dê-me a sua bênção”, mas um simples apertar de mão com sorriso, justifica a satisfação de uns alegres contentamentos e esquecimentos de solidão, … é a paga. Até no baralhar de palavras e acrobacias de patacoadas, a alegria volta a surgir.
Afinal, ele sempre lá esteve, … escondido por detrás de uma vida de sofrimento, por detrás de uma paixão arrebatada e mais tarde incompreendida, por detrás de uma crise de força maior, por detrás de uma fome e sobrevivência de um filho, por detrás de um esquecimento de um familiar numa cama ou numa doença, por detrás de uma incompreensão de palavras, … o sorriso, nesse mesmo momento, salta, apesar do sofrimento, … e eu ainda não vi todos os que saem, mas sim alguns, e a feição bem que é acolhedora.