terça-feira, 26 de maio de 2009

Mixtu

Lancei umas palavras a um amigo, que assim me saíram:

"Parece-me que só agora cheguei; e o caminho já era bem longo. Sento-me, leio e sinto, ... que odor a palavras...; respiro um surto de coragem;... pelos vistos o caminho vai continuar longo...; sacudo o pó dos joelhos, e ala que se faz á vida. Prezo que ainda bem amigo, as palavras, florescem por aqui. Cá te acompanho,... merendo mais á frente..."

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Sr.Granja!

Nesta manhã, a telefonia, dava-me conta de algumas efemérides do dia, dignas de serem reconhecidas para a história da humanidade. Mas sem dúvida, que estagnei, e torci de imediato para a direita, o botão do volume, de modo a ouvir com atenção o nome que acabava de ser soletrado: "... Granja." ... continuava a ecoar... "...Granja." De repente, saltei para a dimensão da minha adolescência, e senti o recordar daquela voz rouca, moderada e ponderada, que pausava e pedia licença a cada palavra que enunciava; os óculos cilindricamente enormes, que nos fixavam com a atenção agradecida, de quem nos dá um momento único; e o apresentar da humildade de um "Cinema de Animação", que apresentava curtas metragens do Canada, Checoslovaquia, França, Usa, Portugal, Cccp, Yugoslavia,..., a toupeira, o lápis mágico, a pantera, silvestre, bip-bip, speedy, ...
..."Faleceu aos 83 anos"... dizia efusivamente a radialista. Vasco Granja faleceu. Dele, resta-me a chave para o salto dimensional, do tempo em que havia tardes passadas em frente ao Blaupunkt (pub), transmitindo as imagens a preto e branco, deleitando-me com bonecada...
Obrigado, Sr. Granja!

sábado, 2 de maio de 2009

Felis silvestris catus

Após algumas conversações, de completo e unânime acordo familiar, e a pedido de alguns membros e vontades familiares, sentimos a coragem e bravura de adoptar uma Felis silvestris catus; branca neve esgazeada; mancha mesclada que tinge a orelha direita; rabo preto, como que molhado sem cuidado num tinteiro, até ao meio; olho azul limpo e cativante; bigode e nariz emproado – a Kitty.
“ Pai! È preciso uma cama quentinha, uma caixa para a areia, um maceiro, coleira insecticida, areia, papinha,...” relembrava-me a filhota, lendo alto e em bom tom, a lista A4 que me parecia infindável, rabiscada com marcadores verdes e amarelos seguindo o grau de importância ou simples embelezamento, de apetrechos para a nova inquilina, a caminho de uma superfície comercial.
Compras feitas, vem a instalação: onde colocar esta inquilina, sem atingir pontos sensíveis da família, e do novo ocupante, de modo a vivermos numa harmonia de compreensão?
Caixa de areia, azul com acabamentos do rebordo a laranja, colocada a um canto da cozinha junto á porta de saída, meia cheia com uma areia, perfumada com um odor, sem cheiro; maceiro de duas pias, azul; cama de verga, protegida com tecido vermelho e padrão canídeo, estufado; saco de ração de sabor a pescado, latas de alimentação com patés de coelho, frango e atum, devidamente acomodados e inacessíveis á mão da inquilina e ao filhote, que ainda persiste com a ideia de desarrumações desnecessárias.
Com pompa e circunstância, fomos retirá-la do seu leito materno; colocámos a coleira insecticida, de modo a exterminar e afastar durante algum tempo, nefastas pragas que se venham a desenvolver durante esta época primaveril.
… E agora a tarefa mais árdua: o domesticar da raça; que trabalheira vai ser. Eu imagino o trabalho que os nossos antepassados milenares, os egípcios, tiveram para domesticar tamanhas feras… Ah! Ok! Eles já sabem que a caixa da areia é para as necessidades, o maceiro tem a ração e a água, e um sítio fofo e quentinho é para ronronar. Afinal, é mais simples, do que me parecia.
Bem-vindo gato…