sexta-feira, 13 de março de 2009

1452 ºC - Boa colheita!

Ontem vi as entranhas da terra!
Talvez as entranhas da terra, seja forte de mais, mas o magma, ..., também é demasiado puxado... deixa cá ver; os fornos desse grande ex-libris da indústria portuguesa, a Siderurgia Nacional, ..., uma dimensão um pouco enorme demais. Ok! Era um fornito. Resumindo e concluindo. Um fornito, mas não daqueles de cozer broa, que logo que é aquecido com enormes quantidades de galhos de árvores (e agora a técnica de ver quando o forno da broa está real e pugentemente quente: quando as paredes interiores estão brancas), atingem uma temperatura de referência entre os 150ºC e os 200ºC.
" Ora, o ponto de fusão desta mistela de componentes, que dará origem ao vidro é de..." e reparem bem neste número - " 1452ºC ! ".
Mil quatrocentos e cinquenta e dois graus Celsius? Não estou a falar de uma vaga de calor desordeira e espontânea, cavalgando desde o continente Africano, que atravessa o Mediterrâneo, até nos atingir com temperaturas médias de 40ºC! Estou a falar de um forno, que tem no seu recipiente interior, uma massa líquida que em média está nos 1180ºC. Uma massa do qual é possível criar uma garrafa, uma lâmpada, um prato, um brinco, um pisa-pápeis, ...
Foi-me dada a oportunidade de ser artesão vidreiro, por uns minutos, e experimentar a azafama de outrora desses grandes profissionais do vidro. Pegar na cana (vara/tubo metálico com cerca de 1,50mt); pré-aquecer a ponta da mesma no dito forno (1452ºC) para não incorrer num choque térmico com a massa líquida; depois de devidamente desobstruida a quente, mergulhar na massa líquida do forno, com um constante movimento de rotação da cana, para não pingar; deixar arrefecer ligeiramente e cilindrar um pouco a massa; tarefa seguinte, e digo realmente que é uma senhora tarefa, tão grande quanto a dos músicos de sopro de uma qualquer banda, soprar pela cana, para tentar criar um balão em vidro (parecia um míudo que tenta fazer as primeiras bolhas com pastílha elástica); "força! força!" dizia a monitora "está a começar! força! calma! mais um pouco de força! e .... splash!" intimidou-me o força, pára e calma; mas deu para criar algo, ... abstracto, com a capacidade plena pulmonar.
Por fim uma breve visita ás instalações, e a satisfação de ter vivido um momento único e histórico.
É um calor se faz favor; ah grandes vidreiros.

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