domingo, 14 de fevereiro de 2010

Farmacia sentimental

A dor no peito e a preocupação, era de um crescendo, e visto as mezinhas da mãe não surtirem efeito, resolvi ir á farmácia do lugarejo. A porta guinchou, e a campainha, saudou a entrada; apareceu o farmacete, o Sr. Zé de bigode farfalhudo, mas atencioso “Bons Dias! O que deseja freguês?”. Olhei para as prateleiras brancas, e comecei a relatar a minha maleita “Ando a ter umas dores no peito…” … “Quem é a moçoila?” interrompeu; “... isto foi desde que bebi uma malga de amor quente, …” indaguei, … “Mas quem é a moça?” irrompeu de um modo arisco. “…é uma moça da aldeia vizinha, mas estuda na cidade!” declarei.
“Estou a ver, …” virou-me as costas, e remexendo no seu bigode, começou a espreitar para os frascos e caixas. Pegou em três caixinhas. “Esta caixa de beijos: um beijo de manhã e outro á noite, sem interrupção; esta pomada de felicidade, durante o dia; e estas ampolas de paixão, para qualquer hora!” embrulhando em papel manteiga, e escrevendo por fora o receituário. “Quanto é a paga?” pedi … fixou-me, mexeu o bigode, franziu o olho e perguntou para o gabinete: “ A conta deste moço, patrão?” apareceu o patrão “É o mesmo de sempre: uma vida bem vivida!”
“Sr. Zé do bigode fartaludo! Avie aquela receita do pastor da serra apaixonado! Ouvi dizer que estava a chegar, … não gosto de fazer esperar ninguém!”

1 comentário:

  1. yayay
    excelente...
    e um favor... faz um comment no mixtu com este teu post que depois te respondo lá...

    excelente escrita...

    abrazo serrano... s+o a passar para te dar um abraço...

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