sexta-feira, 28 de maio de 2010

Fada dos dentes "express" II

"Pai! Mexeste num guardanapo, que estava aqui, sobre o móvel?" indicando a posição exacta, do dito, ...
"Sim! Um lenço de papel sujo! Está no lixo!"... calou-se, ... e quase emocionada, ... "Era o meu dente, pai!"
Ai que já fiz asneira, ... mas tentei fugir á culpa ... "Vocês deixam tudo espalhado, ... é o que acontece!"
Cabisbaixa, sentou-se ...
"Pai! ... e agora? Como vai a fada dos dentes, saber que me caiu outro dente?" ...segurando a cabeça entre as mãos de preocupação.... "Ela sabe, flhota; ela sabe!" confortei-a nas palavras....
"Vou-lhe escrever uma carta, a explicar a situação. Que achas?" animada, mas esperançada...
"Boa ideia! Mas escreve-lhe em pensamento, que já é tarde, e amanhã é dia de escola!" tentando dissuadí-la da tarefa do redigir, e valorisar no momento, o descanso ... "É rápido!" abrindo um bloco, e dedilhando uma caneta, ...
"Cara Fada dos Dentes: como já percebeu, caiu-me um dente: mas sem querer o meu pai, colocou-o no lixo. Por favor, aceita o bilhete, e faz com que ele veja o dente. Obrigado Fada dos Dentes!"
...
"Só o senhor para fazer tal atrocidade a uma criança!" disse-me a jovem que acabava de chegar ...
"Eu conheço-a! Esteve aqui á bem pouco tempo, numa recolha express!" disse-lhe frisando o olho, desconfiado ...
"Sou! E como vê, o senhor continua a empatar, dando conversa, e arrumando preciosidades para o lixo!" resmungava enquanto preenchia a ficha de levantamento, ...
"Assine aqui, ... aqui, ..., aqui, ... e aqui em triplicado!" apontando a caneta e o formulário, com uma aparência de lista telefónica,  para as minhas mãos,...
"E porque, assino eu isto?" perguntei desfolhando aquelas setecentas e trinta e nove páginas e meia, ...
"É um termo de desreponsabilidade, por ter colocado o dente no lixo!" explicou ... "Tem mesmo o dom de empata não é?" colocando as mãos á cintura, em tom provocatório, ... assinei pronto, ...
"E agora? Vamos vasculhar o lixo?" ... declarei, ... erro meu, mais valia nem ter pensado ... vendo aqueles olhos piscos direccionados e semi cerrados, como se prontos a disparar uma salva de tiros ...
"Ainda por cima acha que tem graça! Antes de vir para aqui, estive meio-dia na lavoura da manicura!" ostentando os dedos das mãos, e as respectivas unhas, cada uma pintada com as sete cores do arco-iris...
"E para mais, não sabe o que assinou! O que lhe vale é a bondade da sua filhota, que lhe prescinde o acto do vasculhar! Tem sorte!" encolhendo os ombros, ... "A minha tarefa, por ora está cumprida! Voltaremos a ver-nos, ... quando chegar a hora do rapagão!" piscando o olho, sorrindo...
(...)
"Filhota! Acorda! ..., vamos para a escola!" sussurrei-lhe, ... levantou-se entre algum custo, bocejo,  preguiça, e manhã dificil... levantou a almofada ...
"Ela esteve aqui, pai!"... repousava uma moeda e um chocolate.

2 comentários:

  1. Quero crer - de verdade, quero.
    Será que não há fadas para outras situações?

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  2. uma fada...

    o dente... guardado...
    desdentada...
    oh pai... tens que ver melhor para depois não teres que andar a escrever cartas...

    é que a carta nada vai valer. envia email...

    jajajaja

    abrazo serrano

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