Peguei numa pequena caixa, verdejantemente quadrada, com uma tampa doce de marron achocolatado; ...
abri a gaveta do pecegé, ... um pequeno sol, um punhado de brisa fresca e um coração, ... acondicionei cada um sobre o fundo de veludo vermelho, ... peguei na chave, rodei no sentido inverso aos ponteiros do relógio, e senti o bombear e pulsar do pequeno coração, ... fechei e reservei.
Calcei as galochas, vesti o sobretudo, ... "Espera-me, que eu também vou!" disse a esposa, que acabara de acondicionar e cintar o seu longo casaco preto ... peguei na caixa, e saímos á rua: a chuva caía. Respirei fundo, abri o chapéu de chuva, protegendo a esposa e a caixa, aliás as caixas... "Levo uma Gerebere laranja, um beijo quente, e um mimo!" segurando entre as duas mãos a caixa rosa salmonada, com tampa laranja citrino, ...
A escarduçada era forte, e molhada, quando chegamos ... "Era para deixar?" perguntou a menina que atendia os senhores no hall de entrada... acenamos de sorriso no rosto... "Ao fundo deste corredor, um largo de carpete vermelha, banhado pela luz do Sol, entre balaustres de pedra talhada!" prosseguimos e a praça que se descobria, empilhava e albergava uma pirâmide vertiginosa de várias caixas quadradas coloridas, ...
"Cada um irá receber o presente a seu tempo, ... deixemos dar-lhe o tempo devido, ... que tudo tem o seu tempo e medida!" dizia a menina que recebia as nossas caixas, empilhando-as ... "Espero que seja do seu agrado..." falei para mim.
"Vamos para casa, que a chuva parou, e o lume mantêm a sua chama!" disse a esposa sussurrando ao ouvido ...
Consenti, caminhando de braço dado e sorridente, para o Canto de Cá.
Um belíssimo texto.
ResponderEliminarAqui e ali com alguns veludos poéticos.
Abraço.