Riamos, ... lá fora o som da chuva que batia forte no chão... degustávamos meia garrafa de vinho, e meias conversas.
A porta sussurrou um leve bater de nozes de dedos firmes. Levantei-me em cortesia, e indaguei o bater: "Quem é?"
... "Um oficial representante, senhor!" respondeu
Levantei o trinco, e abri a porta ao mensageiro confiante. O vulto mantinha a mão estirada... um sobrescrito cruzado em quatro, com o carimbo oficial.
"É o patriarca?" pergunta-me ...
"Sou, ... mas não desta casa!" respondo ...
"Preciso falar com o patriarca desta casa, senhor!" ordenou, sem ligar ao imponente som da chuva.
Dirigi-me ao patriarca "Pai! Chamam-no á porta!"
"Quem é?" perguntou-me num sussurro ... "Um oficial representante!" respondi.
Ergeu-se do seu banco, e dirigiu-se á porta, ... reconheceu a farda branca, o capacete branco, ... estendeu a mão, e apertou numa saudação, ... recebeu o papel.
"Tenho que aguardar que leia e me confirme, senhor!"
As mãos começaram a desembrulhar tremulamente a dobragem. Acorremos para ver o que se passava... os olhos dedilhavam cada palavra...
"Fui chamado!" ... e voltou silencioso para o canto. As labaredas esvoaçavam num calor vivo, pelo meio das cavacas de pinho, oliveira e carvalho. O calor crepitante era reconfortante...
"O quê? Voltar a incorporar o corpo da armada, para esta nova guerra, com esta idade?" indaguei ...
"Na ultima batalha, era pouco mais novo, ... houve mazelas, dor, pranto e sangue... mas recuperei!" ... Parou um pouco,... a humidade nos olhos, começava a notar-se misturada com a emoção... "Embora o medo, esteja em cada trincheira, recanto, ou lamaçal..." limpou com o polegar uma lágrima que começava a jorrar... "..., a vida prevalece!"
"Mas com esta idade, pai? Não haverá outras formas de encarar a batalha? Pacificamente?"
"A idade, é só um registo, ... o espírito é quem comanda, tu sabes!" dobrava de novo o papel ...
"As feridas poderão ser maiores, os resultados menores, o sofrimento pesado, ... mas a batalha tem que ser ganha!" afirmou.
"Preciso de uma resposta, senhor!" dizia o soldado, esquecido de plantão á porta, sob a eterna chuva diluviana.
Levantou-se de novo ... "Tenho boas armas, ... todos vós, estarão para lutar comigo, ... " dirigiu-se em passo firme, para a entrada. "Posso oferecer-lhe algo soldado?"...
"Mulher! Serve um caldo quente a este homem, ... vamos ter um longo caminho!"
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