segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Não dói nada…

Após anos de adiamento, a coragem e o empreendimento, sobrepõem-se. Que se dane e lixe… não deve doer.
Começamos há um ano, mais troco menos troco, com todo o processo de ingresso na futura vida académica. “… mas, … já viste a nossa vida! Todas as alterações que iremos dar ao casal e á família?” ponderou, enquanto preenchíamos um dos primeiros e longos impressos burocráticos, para possivelmente entrar num curso superior. Gesticulei o meu horário semanal; “… aperto o trabalho aqui, a lida da casa ali, e resta todo este tempo para os miúdos, nós e amigos… eu agarro o desafio. Serão 3 ou 4 anos. Não dói nada… Tu preocupa-te unicamente com o estudo!” ordenei, apoiando-a a não sucumbir perante uma dúvida, que poderia desmoronar, com este seu objectivo futuro.
O ano passou; ela ingressou; e como previsto, a rotina alterou… recordei ás uns dias, uma das várias histórias do meu pai, enquanto emigrante: “… dormia-mos (4 ou 5 homens) num apartamento, com uma cozinha, um quarto e uma sanita; enquanto um cozinhava numa placa eléctrica, outro lavava a sua roupa, outro tomava um banho de balde, outro ajeitava a casa, e outro ia ao marché ; a coisa andava, e toda a gente sobreviveu para estar aqui, … e mais, os tempos eram outros.”, tem toda a razão. Quem assim viveu uma série de anos, conta estas histórias, e ouve um filho a dizer que tem de fazer alguns sacrifícios, em prol de uma futura estabilidade profissional, económica e social, ainda acha piada aos meus argumentos.
O ambiente estudantil sente-se por toda a casa; livros de Direito, marcadores, Constituição, pen, apontamentos, garrafa de água, lápis, caneca de um chá, mesmo ao lado do laptop; a flauta, sebenta, caderno pautado, aparas de lápis, o Magalhães; livro dos animais 0-2 anos, o Noddy, caixa com formas, carros e Lego´s; … o homem é realmente um animal de hábitos; adapta-se a cada nova situação… organizo-me agora de maneira diferente: ir buscar os miúdos; banhoca; ver TPC´s; aquecer jantar (previamente confeccionado na noite anterior); jantar; falar com a filhota sobre o dia; descobertas do piqueno; uma ou outra brincadeira; tratar da cozinha; tratar da roupa suja e da roupa deles para manhã seguinte; leitinho; dentes; e deitar; … ufa! Amanhã á mais…

domingo, 13 de setembro de 2009

O dia dos anos diferente

Os dois, mantinham o sorriso ligeiro e despercebido, naquele sofá que os aconchegava no reflexo projectado da única luz que invadia a sala na sua hora de descanso, .... o dia tinha sido diferente...
"Olha preciso ..." arquitectava eu um dia diferente, sem hipótese de ser desmantelado , o que era usual antes do tempo, com amigos. Todos corroboraram, neste plano; ninguém diria nada até ao dia, hora e local marcado, nem uma chamadita, nem sms, nem ... nada. O plano ganhou pernas, entre desconfianças, postas de pescada, e tentativas de rasteiras... um autentico maremoto de adversidades, mas singrou. Amigos penosos, quase condescendentes, ... mas mantiveram a sua postura planificada. Amigos das noites, amigos das festas, amigos da escola, e amigos, todos compareceram ao pedido, mesmo entre outros compromissos já agendados, ...
Ao dia, hora e local marcado, a surpresa do juntar dos amigos, e aquela bela prenda, envolta num papel de tom carinhoso, com uma fita de amor, e um belo laço sorridente que ela não contava abrir: a amizade.
No meio do entoar dos parabéns, o premiar os amigos com um bolo, ... e um abraço de obrigado pelo momento eterno que vai perdurar...
"Pai! Uma flor, uma beijoca, e um bolo!" impacientemente me segredava a filhota, á presença da mãe. "Uma rosa pérola..." pedia á florista "... com brilhantes nas pétalas, pai! Não te esqueças!" ordenava a filhota. Entregou-a com um sorriso, satisfeita de ser a mais bela e sincera prenda de sempre que dava, no meio de um abraço calorosamente carinhoso, de uma mãe feliz por este minuto de tempo... o piqueno junta o seu abraço, ...
O momento prevalece ... reflecte-se agora a esta hora, acompanhando no sofá com um braço por cima, o filhote que sonha e descansa, por este dia ter sido só da mãe.
... "parabéns, " ... segredei-lhe com um beijo no ouvido... sorriu.

sábado, 5 de setembro de 2009

11+7

… Beijou-me os lábios, num tom terno …” Parabéns”, sussurrou; … era o dia.
“Mais quatro, e temos bodas de Diamante!”, dizia a florista rindo, atando vigorosamente com ráfia, uma folha de papel-tecido rosada, que adormecia três rosas brancas… de entre uma prateleira de odores e elixires, sobressai um aroma frutado, levemente adocicado, guardado numa pequena pêra de cristal lilás. È o aroma certo, na embalagem correcta… “Levo este!” apontei, pensando na reacção dos filhotes ao entregar o elixir á sua mãe…
Há onze anos que casámos na Igreja, com tudo a que tínhamos direito, na altura. E tanta água já passou por debaixo da ponte, nas calhas, nos passeios, nos telhados e até nas calçadas, desde então. Momentos altos, baixos, bons, maus e comme ci comme ça (como diz o francês em França, ou noutro sítio qualquer). Tudo superado, e ultrapassado… adiante.
Parabéns pelos 11, mais os 7 que vêm de trás (pareço a professora Júlia), e subtrai, nestes anos todos, qualquer coisinha que tenha sido esquecido, ou dividido por um momento de nervosismo; espero multiplicar estes bons anos de cumplicidade, de modo a igualar, o que sentimos um pelo outro. Um bem-haja para ti…
É de lembrar, porque é importante, o mano faz anos… e espero que continues como és… Um forte abraço, tirano…