"Princesa! ... Tenho algo para te dizer." manteve o olhar fixo na minha mensagem... apreensiva!
Encaminhavamo-nos para mais uma sessão matinal em agrupamento...
"A mãe ligou, a dizer que ..." engoli um pouco em seco, e ..."a bisavó faleceu!"
A reacção não foi explosiva, ... reservada, contida em respeito, sem derrame. Guardou, verteu a lágrima de respeito e ... seguimos.
... Escolheu uma música para o momento, ... postou a sua emoção.
"Grandão! ... Quero falar contigo, ... um assunto importante! " disse-lhe.
Libertou o olhar da televisão, que o sugava em mais um episódio fascinante, parolo, com alguma pedagogia talvez, ... encarou-me em tom semi-sério que eu tentava ostentar sem resultado. Bem que cruzava o léxico mais próprio, e dei uma volta, ou volta e meia para clarificar com palavras, mais ... brandas, o sucedido. Mas não haveria palavras, muito mais explícitas que estas!
"Sabes que a bisavó, estava doente, no hospital, ... e há muito tempo que estava fraquinha! E hoje ela não aguentou!" Informei...
... E agora devo florear, contornar o assunto, construir um épico, ou simplesmente dizer ... "Morreu!"
O momento libertou a emoção, as lembranças, a paixão pela vida e tudo o que foi vivido, como uma criança que perdeu um segundo de felicidade pura...
Chorou, arrebatado das emoções, do seu coração de manteiga mole, que viveu sorrisos espontâneos, mais uma vez digo e sublinho, únicos ... encostou-se a mim, sem senão, num abraço.
" O bisavô precisava dela, também tinha saudades. Por isso foi ter com ele! Estão agora os dois felizes!" amaciei o pêso do momento... As lágrimas, humedeciam-lhe a face, escondiam-lhe o sorriso traquinas, tão próprio... compreendeu na sua ingenuidade.
No fundo, no fundo ... sou um carrasco de palavras, um colhedor de emoções, um bom vivant de amizades.